Tártaro em Animais de Estimação. Como tratar?
O que é o tártaro e como se forma?
Após cada alimentação há a formação de uma substância que designamos de “placa bacteriana” nos dentes e que em 24 horas começa a endurecer com auxílio de sais presentes na saliva.
Ao longo do tempo, a placa continua a acumular-se e a endurecer, levando progressivamente ao aparecimento do “tártaro” – substância porosa e dura que se pode desenvolver acima e abaixo da linha gengival. Infelizmente, o tártaro é o meio ideal para o crescimento bacteriano ocorrer, causando inflamação (gengivite) que acaba por progredir até se desenvolver doença periodontal – que vai agravar a inflamação, dor terminando quase sempre na perda de dentes, por “apodrecimento” da raiz.
É efeito bola de neve, no sentido figurado da expressão! Além disso as bactérias presentes podem ser absorvidas na corrente sanguínea, deposintando-se em vários orgãos, sendo os principais alvos rim e coração, podendo no caso do coração, causar endocardites infecciosas – muito graves que colocam em causa a própria vida do animal!
Como podemos tratar? O tártaro apenas pode ser removido na totalidade atráves da destartarização – procedimento médico realizado sob anestesia geral, facto que muitas vezes demove tutores a aceitarem o procedimento. O procedimento é seguro, embora estejamos frequentemente na presença de pacientes que têm outras patologias, algumas das quais sem sintomas – Durante o procedimento anestésico é colocado um tubo endotraqueal que garante a respiração dos cães e previne a entrada da água (que é usada para remoção e limpeza do tártaro) para traqueia e pulmões. Claro que em cães séniores há um aumento do risco anestésico. No entanto, a idade não deve ser impeditiva, desde que o seu animal seja avaliado correctamente antes de se realizar o procedimento através de um exame clínico, análises pré-anestésicas e ECG/Ecocardiografia sempre que se detecte algum problema cardíaco.
Como podemos então prevenir a formação de tártaro? Depois do tártaro ser removido, a prevenção realizada em casa é fundamental para retardar a formação de placa bacteriana e consequentemente a formação de tártaro. Podemos prevenir a sua formação com: • Dieta adequada (alimentação sólida / Suplementos específicos para problemas dentários; • Escovagem de dentes diária– infelizmente, nem todos os cães toleram que se mexa nas suas bocas. Há pastas enzimáticas, como a Orozyme que não precisam de escovagem, mas precisam de ser usadas diariamente! As pastas de dentes têm de ser apropriadas para os animais. As de humanos contêem substâncias que prejudicam a saúde do seu patudo! • Biscoitos / Brinquedos que ajudam a prevenir o tártaro por acção mecânica. • Destartarizações frequentes, idealmente anuais a partir dos 6 anos de idade para prevenir a retração gengival e perda de dentes.
Com uma prevenção activa, conseguimos ter num animal sénior, uma boca saudável!
Por Dra Ana Pinto, médica veterinária Hospital Veterinário Ani Mar.