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Os meus animais estão de bebé. E agora?

Os meus animais estão de bebé. E agora?

por Dra Rita Castro, médica veterinária residente no Hospital Veterinário Ani Mar

A gestação de um animal de companhia pode ser um momento de muita felicidade mas também de muitas dúvidas e receios. Então, o que precisamos de saber para tornar este período o mais confortável possível para os nossos patudos?

  1. Do cio à gestação:

As gatas são reprodutoras poliéstricas sazonais de dias longos, o que significa que o seu período fértil está dependente dos períodos de luz não sendo constante durante todo o ano, e que podem apresentar vários períodos de cio na mesma época reprodutiva. A maturação sexual ocorre por volta dos 6-8 meses, quando atingem cerca de 80% do peso em idade adulta. É nesta altura que iniciam o comportamento de cio, caracterizado por miados altos, roçar do corpo em superfícies ou pessoas, rebolar no chão, agitação. Este período dura cerca de 7 dias e é o momento em que a fêmea aceita o macho. Os gatos não tem período de cio, tendo um comportamento sexual contínuo.

Por outro lado, as cadelas são reprodutoras monoéstricas não sazonais, ou seja, têm apenas um período de cio em cada época reprodutiva. Este dura cerca de 9 dias e ocorre sensivelmente a cada 6 meses a partir do momento em que atingem a maturação sexual por volta dos 7-8 meses. À medida que vão ficando mais velhas, estes períodos tendem a ser mais irregulares e espaçados.

  • Tempo de gestação:

A gestação é período desde a implantação do ovo, resultante da fecundação do óvulo pelo espermatozoide, até ao parto.

  1. Na cadela, a gestação dura cerca de 63 dias podendo variar entre os 58 e os 68 dias.
    1. Na gata, a duração normal é de cerca de 63-67 dias, podendo variar entre os 59 e os 71 dias.

Durante a gestação não devemos vacinar as fêmeas nem utilizar certos fármacos como corticosteroides e antibióticos.

  • Diagnóstico: como, quando e porquê?

O diagnóstico de gestação pode ser feito através de uma ecografia abdominal, de um raio-x ou mesmo por palpação abdominal. Com o auxílio de um ecógrafo é possível identificar com segurança as vesiculas uterinas a partir do 23º dia e é possível distinguir o batimento cardíaco dos fetos a partir do 25º dia. A ecografia também permite estimar o tempo de gestação através de fórmulas utilizando o diâmetro biparietal ou o diâmetro da vesicula gestacional. O exame radiográfico é muito importante para contabilizar o número de fetos em desenvolvimento assim como o seu posicionamento e é possível a partir do 42-45º dia de gestação quando o esqueleto fetal já é visível. Esta informação é essencial na altura do parto para determinar se este está a ocorrer dentro da normalidade e se já nasceram todos os cachorros ou gatinhos. A deteção da gestação por palpação é possível a partir do 22º dia, no entanto é um método muito mais falível.

  • Parto:

Cerca de 24 horas antes do início do parto, a temperatura rectal da cadela/gata desce abaixo dos 37.8ºC.

Medir a progesterona no final da gestação também auxilia na previsão do dia do parto, uma vez que esta hormona desce abaixo dos 2 ng/ml, 1 a 3 dias antes.

Para além disso, a lactação pode também ser um indício da proximidade do parto.

O parto divide-se em várias fases e devemos saber o que caracteriza cada uma delas de forma a proporcionar a ajuda necessária à cadela ou gata gestante. Na primeira fase do parto iniciam-se as contrações uterinas e o cérvix começa a dilatar. A fêmea usualmente está mais agitada, a arfar e pode isolar-se. Vómitos e tremores também pode ocorrer. Esta fase dura entre 6 a 12 horas, podendo atingir as 36 horas. A fase dois corresponde à expulsão do feto. Quando este passa no cérvix é libertada uma hormona – oxitocina – que aumenta a força e frequência das contrações. A fase três à expulsão das membranas e placenta. Pode ocorrer entre cada nascimento ou após a expulsão de vários fetos. O tempo entre a expulsão de cada feto não deve exceder os 45-60 minutos ou os 30 minutos, se a fêmea estiver em esforço.

Durante todo este processo é importante não perturbar a fêmea gestante e proporcionar um local confortável e resguardado, com água à disposição.

Os fetos nascem envoltos numa membrana, o saco amniótico, sendo necessário abri-la após o nascimento para que consigam respirar devidamente. Normalmente é a fêmea que rompe a membrana, lava e seca os recém-nascidos mas se não o fizer temos de intervir friccionando-os com uma toalha seca e macia para estimular o sistema cardiovascular e respiratório.

  • Quando é necessária assistência veterinária?
    • História de partos distócicos
    • Cruzamento com macho de porte maior que a fêmea
    • Doença no final da gestação
    • Gestação com mais de 70 dias
    • Descida da temperatura rectal da fêmea há mais de 24 horas sem início do parto
    • Fase 2 há mais de 4 horas sem expulsão do 1º feto
    • Fase 2 com contrações ativas há mais de 30 minutos a 2 horas
    • Intervalo entre fetos maior que 4 horas
    • Feto preso no canal de parto
    • Sinais radiográficos de mau posicionamento fetal
    • Final do parto sem terem nascido todos os fetos
  • Pós-parto e cuidados neonatais

No final do parto, a fêmea corta o cordão umbilical dos recém-nascidos. Se ela não o fizer podemos ser nós a cortar deixando cerca de 2-3 cm.

Nas primeiras horas após o parto é essencial que os recém-nascidos bebam o leite materno. Este primeiro leite, denominado colostro, é rico em nutrientes e confere proteção imunológica. Inicialmente os filhotes podem ter dificuldade a beber mas devemos estimular a sucção e mantê-los próximos da mãe.

O leite materno pode não ser suficiente para alimentar toda a ninhada, especialmente se esta for numerosa ou se a fêmea produzir pouca quantidade de leite. Nestes casos é necessário recorrer ao leite de substituição. Este deve ser administrado morno e a cada 3 horas. Não devemos utilizar leite de vaca, de consumo humano. Inicialmente o peso dos recém-nascidos aumenta 5-10% diariamente. Deve manter-se um registo com os pesos de cada elemento da ninhada. Durante o primeiro mês de vida, o leite será a principal fonte de alimentação. Após os primeiros 21-28 dias pode começar a introduzir-se alimento sólido.

É importante manter os filhotes quentes e confortáveis, uma vez que têm dificuldade em manter a temperatural corporal durante a primeira semana de vida. Podemos recorrer ao uso de botijas ou mantas de aquecimento, evitando sempre o contacto direto com os recém-nascidos de forma protegê-los de queimaduras.

Para além da ninhada, neste período, também a mãe requer alguns cuidados. É importante que esteja a comer uma ração adequada às exigências nutricionais do puerpério. A transição para uma ração apropriada para animais gestantes/júnior deve ser feita durante a gestação. A lactação aumenta as exigências nutricionais da mãe em cerca de 3-4 vezes. Esta alimentação deve ser a mesma que os filhotes começam a comer após o primeiro mês de vida.

Podem ocorrer picos de febre na mãe nas primeiras 48h do pós-parto, no entanto, estes não devem ser acompanhados de sinais de doença.

Corrimentos vaginais esverdeados ou vermelho-acastanhados podem estar presentes até 8 semanas após o parto.

  • Patologias do puerpério
    • Hipocalcemia

Muitas fêmeas sofrem de hipocalcemia no pós-parto. Isto deve-se ao facto de não ingerirem cálcio em quantidade suficiente durante o período de lactação, o que provoca uma desregulação no metabolismo deste mineral. Os sintomas que podemos observar nesta situação são desorientação, salivação excessiva, fraqueza dos membros, espasmos e tremores. O diagnóstico é feito através da medição do cálcio sérico. Após confirmação da hipocalcemia pode administra-se gluconato de cálcio para corrigir este desequilíbrio.

  • Anemia

O valor do hematócrito de uma fêmea gestante diminui a partir do 25º dia de gestação. Perto do parto pode atingir valores tão baixos como 31%. Este valor só vai normalizar 1-3 meses após o parto.

  • Mastite

Aquando da lactação é normal haver um aumento das glândulas mamárias. No entanto, se estas estiverem duras, vermelhas e dolorosas estamos perante uma mastite, uma inflamação localizada na glândula mamária. Neste caso pode ser necessário impedir os recém-nascidos de mamar e terminar a produção de leite. Aplicar gelo e panos quentes de forma alternada pode ajudar a desinflamar a glândula.

A maioria das gatas e cadelas têm instintos maternos desenvolvidos e sabem o que fazer durante o parto e como tratar da ninhada depois. São raras as vezes em que é necessário intervir de forma ativa, não obstante, devemos acompanhar toda a gestação e proporcionar um ambiente calmo às nossas mamãs de quatro patas.

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