Adotei um gatinho. E agora?
Agora a sua família ganhou um novo membro e a sua casa passou a ser o novo lar para este pequeno animal. Aproxima-se uma fase muito bonita na sua vida, contudo deve lembrar alguns pontos essenciais para uma introdução serena e bem-sucedida.
A viagem para casa: Uma viagem de carro pode representar um momento de ansiedade para um gatinho, particularmente se for a primeira vez que a faz. Torna-se por isso importante preparar uma transportadora que ofereça espaço suficiente ao animal, acolchoada com uma manta ou um resguardo, idealmente perfumada com feromonas relaxantes. Ajuda também colocar uma manta leve por cima da transportadora pois esta evita estímulos indesejados, garantindo um esconderijo seguro.
A chegada ao novo lar: Ao chegar a casa, a transportadora deve ser colocada no chão de uma divisão calma, abrindo a porta gentilmente. Deverá ser o gatinho a decidir o momento em que se sente preparado para sair e explorar o novo ambiente.
Receção: Habitualmente a chegada do novo gatinho é esperada ansiosamente por todos os membros da família: adultos, crianças ou outros animais de estimação. Porém é importante lembrar que sons altos, excitação e alvoroço podem assustar o novo inquilino e deixá-lo com medo. Posto isto o conselho será dar-lhe algum tempo e espaço e aguardar que seja ele a aproximar-se e a apresentar-se.
O primeiro dia: Após um dia tão repleto de novidades, é perfeitamente normal que o novo gatinho se sinta rapidamente cansado e queira dormir um pouco para repor as suas energias. O acesso a uma cama quente e confortável num sítio sossegado torna-se assim essencial para que se sinta seguro. Deve estar localizada perto de uma liteira limpa, para que o gatinho possa fazer as suas necessidades naturalmente.
O que comer: De forma a manter alguma rotina e assim conforto na vida do gatinho, a ração utilizada nos primeiros dias deverá ser a mesma que o gatinho comia no antigo lar. Assegura alguma consolação e evita indigestões, uma vez que o seu trato gastrointestinal ainda é frágil e reativo a mudanças bruscas. A sua ingestão deverá ser monitorizada pelos tutores e qualquer diminuição ou alteração comunicada ao médico veterinário.
As primeiras duas semanas: As primeiras semanas são cruciais para avaliar o bem-estar do novo gatinho. Apesar de ser uma época muito feliz, não pode ser desconsiderado o facto de ser agitada e por consequência frequentemente acompanhada por um declínio transitório da sua imunidade. A atenção redobrada dos tutores torna-se assim fundamental para detetar e prevenir atempadamente algumas doenças que possam surgir nesta fase. Salientam-se sinais clínicos como vómito, diarreia, letargia, espirros e corrimentos nasais/oculares que deverão ser comunicados imediatamente ao médico veterinário de forma a assegurar um tratamento rápido e eficaz.
Primeiras vacinas e desparasitações: O gatinho deverá ir para a nova casa já desparasitado de forma a prevenir infestações indesejadas, contudo só deverá iniciar a primovacinação passados 14 dias desde a sua introdução no novo lar. O médico veterinário assegurar-se-á que se encontra saudável através da realização do exame físico e da anamnese. Se estiver tudo bem, poderá ser administrada a primeira vacina que será reforçada com uma segunda dose passadas 3-4 semanas. A consulta servirá também para discutir a importância de despistar doenças virais (FIV/FeLV), traçar o regime indicado de desparasitação e esclarecer dúvidas relativas à esterilização.
Por Dra. Melissa Welmans, médica veterinária do Hospital Veterinário Ani Mar
Artigo de Julho 2022, no Jornal Mais Semanário
