Feugiat nulla facilisis at vero eros et curt accumsan et iusto odio dignissim qui blandit praesent luptatum zzril.
+ (123) 1800-453-1546
info@example.com

Related Posts

Telefone (+351) 252 682 281 (chamada rede fixa nacional)
Email hvanimar@animar.pt

Sabia que o seu cão e o seu gato podem ter patologias de tiróide?

Sabia que o seu cão e o seu gato podem ter patologias de tiróide?

Se convive com cães e gatos certamente já conheceu um cão hipotiróide ou um gato hipertiróide. A disfunção da glândula tiróide é muito frequente nos nossos animais de companhia. A patologia de tiróide mais frequente em cães designa-se hipotiroidismo (défice de produção) e em gatos hipertiroidismo (excesso de função)

O que é a tiróide?

A glândula tiróide é um órgão localizado no pescoço de cães e gatos que possui dois segmentos de cado um dos lados da traqueia. Esta glândula produz várias hormonas entre elas a T4 (tiroxina) e a T3 (triiodotironina) responsáveis por importantes funções no organismo nomeadamente: no controlo da temperatura corporal, no metabolismo da gordura e hidratos de carbono e consequentemente no ganho ou perda de peso, na frequência cardíaca e função cardíaca, pressão arterial, no crescimento e desenvolvimento neurológico, no ciclo de crescimento do pêlo, tónus muscular, na função reprodutora, na condução nervosa. Os níveis de hormona tiróidea podem ser influenciados por alguns medicamentos como antibióticos, pela quantidade de iodo na alimentação, pelo fotoperíodo (horas de luz) e pela temperatura.

Hipotiroidismo canino

Esta patologia desenvolve-se sobretudo em animais de meia idade e sénior, em qualquer raça. É causada por inflamação (tiroidite linfocítica imunomediada) ou por atrofia de origem desconhecida da glândula tiróide, conduzindo a uma produção deficiente das respectivas hormonas. No entanto, pode ocorrer também em animais jovens, sendo nestes uma condição congénita (desenvolve-se antes do ano de idade). Os sinais mais comuns desta patologia são o ganho de peso, intolerância ao frio procurando locais mais quentes, problemas de pele e pêlo e letargia/diminuição da actividade. Estes sinais podem ser insidiosos e facilmente passar despercebidos ao tutor. Os problemas dermatológicos são os que levam geralmente os tutores até ao veterinário: a perda de pêlo na cauda (designada cauda de rato), perda de pêlo na região dos flancos e lombar, escurecimento da pele, pêlo fraco e fino, prurido, seborreia (caspa), infecções de pele e otites recorrentes. Outros sinais menos frequentes mas mais severos podem ser:

  • Sinais neurológicos: descoordenação, paralisia facial, paralisia laríngea, síndrome vestibular, edema cerebral e coma;
  • Megaesófago (dilatação do esófago) levando a regurgitação e risco de aspiração de conteúdo gástrico e consequente pneumonia;
  • Cardiovasculares: frequência cardíaca baixa, aterosclerose (deposição de gordura na parede dos vasos por elevação dos níveis de colesterol);
  • Sinais oculares com a deposição de lípidos na córnea.

Após a suspeita clínica, o diagnóstico é realizado a partir de análises de sangue onde se determinam os níveis das hormonas tiróideas e da hormona TSH produzida na hipófise (a glândula mãe situada no cérebro). O diagnóstico pode implicar avaliar outros parâmetros sanguíneos relacionados com as consequência da doença como, por exemplo, verificar se há anemia, hipercolesterolémia e elevação das enzimas hepáticas.

O tratamento desta patologia implica administrar, em comprimidos, um substituto das hormonas em falta, a levotiroxina. Geralmente é administrada uma vez por dia e implica recolhas de sangue regulares para verificar os níveis sanguíneos da T4 e ajustar a dose da medicação. A letargia/falta de energia melhoram ao fim de algumas semanas, sendo que as alterações de pele e pêlo podem tardar alguns meses até resolver totalmente.

Hipertiroidismo felino

É a patologia hormonal mais frequente em gatos sénior. É causada pela presença de nódulos na glândula tiróide (geralmente benignos) que induzem o excesso de produção das hormonas tiróideas. Este produz um aumento significativo do metabolismo com consequente perda de peso e massa muscular, apesar de os gatos manterem um bom apetite. Este é o principal motivo a levar um tutor ao veterinário com o seu gato com hipertiroidismo. No entanto, esta patologia pode causar vários outros sinais não menos importantes, nomeadamente:

  • Hiperactividade, vocalização, agressividade
  • Vómitos recorrentes
  • Diarreia
  • Aumento da frequência urinária
  • Pelo baço e pouco cuidado
  • Aumento da ingestão de água
  • Elevação da frequência cardíaca e pressão arterial e consequente hipertrofia do músculo cardíaco

O diagnóstico desta patologia implica uma avaliação dos níveis da T4 mas também realizar outros exames, uma vez que o hipertiroidismo tem implicações sérias noutros sistemas e porque é necessário descartar outras patologias que poderão a ele estar associadas como a insuficiência renal e a hipertensão. Por conseguinte, é igualmente imperativo realizar um hemograma (avaliação das células sanguíneas), análise bioquímica (parâmetros renais, hepáticos, ionograma e proteínas séricas), pressão arterial e análise de urina.

A boa notícia é que há várias opções de tratamento. A mais comum consiste na administração de um fármaco em comprimidos, o metimazol, que actua bloqueando a produção de T4. Tal como no hipotiroidismo canino, é necessária a monitorização frequente dos valores sanguíneo de T4 de forma a ajustar as doses do fármaco administrado. Há também a opção cirúrgica, a tiroidectomia, que consiste na remoção do nódulo que está a causar o excesso de produção de T4. Estão também disponíveis no mercado, dietas com restrição de iodo, sem o qual não é possível produzir a T4. No entanto, este tratamento implica que o gato coma exclusivamente esta dieta, caso contrário irá receber iodo de outras fontes e o tratamento não será eficaz. Por último é possível realizar um tratamento com iodo radioactivo que destrói as células tiróideas responsáveis pelo excesso de produção hormonal. No entanto, este tratamento não está disponível em todos os países.

Independentemente do tipo de tratamento escolhido, o sucesso do tratamento verifica-se na melhoria progressiva dos sinais clínicos como o ganho de peso, estabilização do apetite, melhoria na qualidade do pêlo mas também no controlo das patologias concorrentes como a hipertensão e a patologia renal.

Conclusão

A patologia de tiróide em cães e gatos é comum e muitas vezes subvalorizada. Se notar algum dos sinais descritos ao longo do artigo, aconselhe-se com o seu médico veterinário. Estas patologias, quando diagnosticadas precocemente e ainda sem consequências graves, podem ser controladas e permitir ao seu animal de companhia viver confortável vários anos após o seu diagnóstico.

Por Dra. Joana Queirós, médica veterinária do Hospital Veterinário Ani Mar

Artigo de Setembro 2022, no Jornal Mais Semanário

Ligar Agora Ligar Agora